Mobilização já!

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Empresários e trabalhadores do setor têxtil e de confecção promovem “Grito de Alerta” na porta da GoTex Show, feira que traz produtos chineses ao Parque do Anhembi a partir de amanhã. De janeiro a setembro deste ano, o setor já demitiu cerca de 55 mil trabalhadores.

A Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), o Sinditêxtil-SP, o Sindivestuário (Sindicato da Indústria do Vestuário), a Conaccovest (Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias do Setor Têxtil, Vestuário, Couro e Calçados), a Força Sindical, o Sietex (Sindicato da Indústria de Especialidades Têxteis do Estado de São Paulo) e a ABIMAQ – CSMAT (Câmara Setorial de Máquinas e Acessórios Têxteis) realizam no próximo dia 23, a partir das 11h, o “Grito de Alerta do Setor” em prol da manutenção da indústria têxtil e de confecção e de seus postos de trabalho em todo o País. A mobilização acontecerá na frente do Palácio das Convenções do Anhembi, onde será aberta uma Feira Chinesa (GoTex Show 2013), que promete facilitar a importação de produtos têxteis, com o slogan “descubra o caminho das importações dos grandes varejistas”.

Irritados com a provocação dos empresários chineses, os trabalhadores e empresários decidiram fazer o “Grito de Alerta do Setor” para chamar a atenção da sociedade e do governo a respeito do aumento indiscriminado das importações, vindas principalmente da China e da Índia, e o aumento no número de demissões do setor têxtil e de confecção do Brasil, em virtude do fechamento de fábricas. Segundo o IBGE, já são 55 mil trabalhadores que perderam seus empregos desde o início do ano.

“Há muito tempo o cenário deixou de ser de competitividade entre empresas, para ser de competitividade entre países. Além de combater as importações desleais, o Brasil precisa urgentemente se tornar um país competitivo para não se desindustrializar. Precisamos urgentemente, mudar esta situação”, afirma o presidente da ABIT, Aguinaldo Diniz Filho.

“A necessidade de uma Reforma Tributária é urgente. Porém, a concorrência desleal dos asiáticos que praticam dumping cambial, ambiental e trabalhista, produzindo a custo de vidas humanas, como foi em Bangladesh, tem sido aceita passivamente pela sociedade e pelo governo”, explica Alfredo Emílio Bonduki, presidente do Sinditêxtil-SP.

“ Sem indústria não há emprego! Nossa luta é pela preservação dos postos de trabalho. O governo precisa rever a política de importação para que tenhamos condições iguais de competitividade, afirma Eunice Cabral, presidente da CONACCOVEST – Confederação Nacional dos Trabalhadores do setor têxtil, vestuário, couro e calçados ”

“Ao contrário de defender nossos empregos e empresas, uma feira como essa só beneficia as empresas e os trabalhadores chineses. E não me parece que é isso que o governo brasileiro deseja”, dispara Ronald Masijah, presidente do Sindivestuário. “Acredito que se nada for feito, de imediato, em até dez anos o setor quebra, desaparece; não se salvará nenhuma empresa, exceto as importadoras. Para onde irão nossos dois milhões de trabalhadores, sendo que 80% deles são mulheres, arrimo-de-família?”, alerta o presidente do Sindivestuário.

“Não podemos mais permitir a invasão desenfreada dos produtos estrangeiros no País, que resulta na quebra das indústrias e a perda dos milhares de empregos. É um absurdo que a cada minuto 1,6 emprego deixa de ser gerado ou é perdido por conta das importações”, disse Paulo Pereira da Silva, Paulinho, presidente da Força Sindical.

Empregos

Segundo dados do IBGE, de janeiro a setembro deste ano, o setor têxtil e de vestuário brasileiro já demitiu aproximadamente 55 mil trabalhadores, sendo 10.422 demissões no setor têxtil e e 44.579 demissões no setor de vestuário.

Aumento das importações

Nos primeiros nove meses do ano, as importações de vestuário apresentaram aumento de 8,2%, em valor, comparativamente com o mesmo período em 2012. Em toneladas essa variação foi de 4,7%. Em uma década, o valor de produtos têxteis importados cresceu 20 vezes, saindo de US$ 110 milhões para US$ 2,1 bilhões.

Produção

Segundo dados do IBGE, de janeiro a agosto de 2013 houve diminuição de 1,46% na produção de vestuário e de 3,09% na de têxteis em âmbito nacional. São Paulo apresentou a maior queda com 0,85% no segmento Têxtil e queda de 12,65% no Vestuário

Na contramão, o Varejo de roupa, de janeiro a agosto de 2013, teve um desempenho positivo de 3,48% em volume de vendas e positivo de 8,76% em Receita Nominal, ambos em relação ao mesmo período do ano anterior.

Conclusão: o varejo está se abastecendo de importados.

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